Morre-se por nada em horário da vez ...
Apenas um tranco pelos caminhos por onde já não mais caminharei.
Morre-se por tudo, morre-se matado, Morre-se morrido, morre-se como morto vivo quando não deveria ser o senário do momento...
Esse momento fez-me pedir um sonho pelo Jardim dos Mortos.
Quis pedi-lo, ao vivas. Disseram-me que não.
Os mortos não sabem, lá onde é que estão,
Que neles se enfeitam os meus braços tortos.
Os mortos dormiam... Passei-lhes ao lado.
Arranquei-lhes tudo, tudo quanto pude;
Páginas intactas — um livro fechado
Em cada ataúde.
Ai as pedras raras! As pedras preciosas!
Relâmpagos verdes por baixo do mar!
A sombra, o perfume dos cravos, das rosas
Que os dedos, já hirtos, teimavam guardar!
Minha alma é um cadáver pálido, desfeito.
As suas ossadas Quem sabe onde estão?
Trago as mãos cruzadas, Pesam-me no peito.
Quem sabe se a lama onde hei de me deitar
dará flor ao vivo como justo divino tão apreciado?
Aos amigos o sonho do jardim dos mortos...